Audiência expõe insatisfação de profissionais e pais com a Educação
[28/04/2023]
Falta de vagas em creches, deficiência no transporte escolar, falta de professores e estagiários de apoio, merenda reduzida e atraso na entrega de uniformes. Esses foram alguns dos temas levantados por vereadores, diretores de escolas, coordenadores pedagógicos, professores e mães de alunos em audiência pública realizada pela Comissão de Defesa da Cidadania na Câmara Municipal de São José do Rio Preto, com a presença da secretária de Educação, Fabiana Zanquetta.
Além de relatos de problemas, a audiência serviu para espécie de desabafo por parte principalmente de diretores, que relataram situação de dificuldade no dia a dia das escolas municipais. Um dos diretores chegou a relatar que "estamos trabalhando no limite, em situação de insegurança jurídica, com a saúde esgotada. Estamos adoecendo, tendo de conter fisicamente crianças para que não se machuquem. E se fica marca, somos processados." O mesmo diretor chegou a orientar colegas a registrar como acidente de trabalho casos de ameaças e agressões por parte de alunos. "Crianças estão agredindo gravemente na escola".
Outro ponto bastante abordado durante a audiência foi a falta de estagiários, berçaristas e professores de apoio para ajudar nos cuidados com crianças menores de dois anos e com deficiências físicas ou transtornos, como o autismo. Mães e profissionais da Educação disseram que há casos de salas de aula com 25 alunos, sendo "cinco ou seis" portadores de necessidades especiais, com "apenas um professor"
No caso da merenda, houve relatos de quantidades insuficientes de alimentos e falta de outros. Além de cobranças sobre melhores condições de trabalho e melhorias salariais. O presidente da comissão, vereador João Paulo Rillo (Psol), disse que a audiência foi produtiva, pois revelou o atual estado da Educação e também serviu como uma "aula" por parte de diretores, professores e mães sobre os acontecimentos.
Além de Rillo, participaram da audiência os vereadores Anderson Branco (PL), Pedro Roberto (Patriota), Karina Caroline (Republicanos) e Bruno Moura (PSDB). Todos cobraram da secretária explicações e resoluções sobre os problemas apontados por profissionais e mães dos estudantes.
Pedro chegou a pedir para a secretária a abertura de um canal de diálogo com os servidores da Educação, com "transparência e sinceridade", na tentativa de encontrar soluções para os problemas levantados ao longo da audiência.
Secretária
A secretária Fabiana Zanquetta disse que todos os temas relatados são de conhecimento da pasta e que todos estão sendo debatidos internamente em busca de soluções. Sobre a questão salarial, disse que "iniciamos o debate sobre o piso. Estamos no meio da negociação. Tem proposta, contraproposta, até chegarmos num denominador comum. As negociações não foram encerradas", disse, sobre o reajuste de 1,96% para diretores e coordenadores.
Sobre a falta de estagiários e profissionais de apoio nas salas de aulas, a secretária disse que está finalizando contrato com empresa terceirizada e que a situação será resolvida a partir do dia 13, com contratação de profissionais para apoio à mobilidade, alimentação e higiene dos alunos com necessidades especiais.
Já em relação à merenda, disse que é responsabilidade da Secretaria de Agricultura. E sobre a segurança nas escolas, tanto patrimonial quanto dos profissionais e alunos, Fabiana disse que será resolvida com a anunciada criação da Secretaria de Segurança Pública.
Encaminhamentos
Ao final da audiência, Rillo deliberou alguns encaminhamentos a serem feitos diretamente ao governo, como solicitar oficialmente ao prefeito Edinho Araújo (MDB) que recebe diretores e coordenadores para ouvir as demandas; convocar o secretário de Agricultura Pedro Pezzuto e nutricionistas da pasta para explicar merenda; agendar atendimento de mães de crianças atípicas para a Educação detalhar como será feito a amparo das mesmas e convocar nova audiência para debater especificamente esse tema.
Comunicação/Câmara Municipal