Comissão de Cultura debate apoio para carnaval popular
[11/04/2023]
A Comissão Permanente de Cultura e Arte da Câmara de São José do Rio Preto realizou na noite desta terça-feira, dia 11 de abril, audiência pública para avaliar as ações realizadas e apoiadas pelo setor público no Carnaval 2023. O colegiado, presidido pelo vereador João Paulo Rillo (Psol), também discutiu formas de melhorar o apoio aos eventos carnavalescos populares e ampliar a oferta dessas atividades culturais no próximo ano.
Participaram da reunião o vereador Pedro Roberto (Patriota); o secretário de Cultura, Pedro Ganga; a chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Negócios de Turismo, Olívia Firmino; o secretário de Agricultura, Pedro Pezzuto (pelo fato de a pasta que ele comanda ser responsável por equipamentos públicos que recebem eventos, como, por exemplo, o Recinto de Exposições). Também estiveram presentes militantes do setor cultural, integrantes do Conselho Municipal de Cultura, além de representantes de escolas de samba e de blocos carnavalescos do município.
Rillo iniciou a audiência apontando o baixo investimento nos blocos carnavalescos em 2023. O valor destinado ao segmento foi de R$ 50 mil, distribuídos entre cinco blocos. Neste ano, a festa popular ficou a cargo da Secretaria de Desenvolvimento. O presidente da Comissão de Cultura considera insignificante a verba destinada aos grupos. O parlamentar também criticou o fato de eventos privados receberem mais apoio da Prefeitura do que as iniciativas populares do município. Rillo citou obras feitas no Recinto de Exposições, no valor de R$ 2 milhões - o local abrigou evento privado durante o carnaval deste ano. Pedro Pezzuto contestou os apontamentos de Rillo e disse que as obras já faziam parte de um projeto de revitalização do local. “O que foi feito no Recinto não foi para o Carnaval. É para todos os organizadores de evento e para transformar a cidade numa referência em infraestrutura.”
O representante da Cultura, Pedro Ganga, explicou que, mesmo que a programação de carnaval não esteja mais sob a responsabilidade da sua pasta, o órgão seguiu apoiando o setor por meio de editais de fomento, como o Nelson Seixas. “E esse fomento a Cultura vai continuar fazendo.”
Contudo, os representantes das escolas de samba disseram que os editais não contemplam devidamente as agremiações. Lawrence Garcia, representante do Conselho de Cultura, defendeu políticas públicas mais abrangentes para o segmento. “O carnaval não cabe no Nelson Seixas. Isso é um pingo no oceano. O problema é mais profundo: é a falta de investimento na Secretaria de Cultura.” Ele também defendeu a criação de uma comissão específica para pensar políticas públicas para o setor carnavalesco.
Os organizadores de blocos relataram a dificuldade de se trabalhar com a verba atualmente ofertada, a ponto de o dinheiro não cobrir os custos de produção de cada grupo. Ainda na pauta de reivindicações feitas durante a audiência, os carnavalescos listaram:
-abertura de discussão com o poder público sobre a destinação de verbas das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, de apoio ao setor cultural;
-local para as escolas desenvolverem suas atividades e guardarem seus materiais;
-apoio da Prefeitura para infraestrutura dos eventos, além dos repasses de verba.
Os participantes da audiência também destacaram o retorno financeiro e social que a festa popular proporciona. Ivani Dias, da escola de samba Tigre Dourado, salientou a oportunidade de formação e perspectiva de futuro que o trabalho do samba pode gerar, especialmente para crianças e jovens. Ela também lembrou que a festa popular é, muitas vezes, a única opção de entretenimento de muitas comunidades. “O povo não tem dinheiro. Só tem o carnaval de rua.”
Desdobramentos
Como encaminhamento da audiência, ficou definido que os participantes do evento vão integrar uma comissão para debater o carnaval junto ao poder público. A Comissão Permanente de Cultura e Arte da Câmara vai acompanhar todo esse trabalho. Rillo estipulou como primeira medida a solicitação de reunião do grupo com o secretário de Cultura e também o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Luis de Souza. Para o vereador do Psol, é preciso ver o carnaval para além dos números. “Não dá para medir o carnaval, a cultura popular, só pela lógica do fluxo turístico e geração de renda no setor hoteleiro. Isso não alcança a importância da arte para a comunidade e o direito à felicidade. Isso não se mede pela régua da economia”, finalizou Rillo.
Comunicação / Câmara Municipal