Comissão de Saúde discute atrasos e falta de vagas na rede municipal
André Baitello, assessor especial da Secretaria de Saúde, prestou esclarecimentos sobre o atendimento na rede
[06/04/2022]
A Comissão Permanente de Saúde realizou, na manhã desta quarta-feira (06/04), reunião para esclarecer reclamações sobre ineficiência do Sistema Municipal de Saúde para responder ao aumento da demanda pelos serviços e demora na transferência de pacientes das unidades de pronto atendimento para hospitais da cidade.
Além dos membros da comissão - Celso Luiz de Oliveira Peixão (PSB), presidente, Karina Karoline (Republicanos) e Odélio Chaves (Progressistas) - participaram do evento o assessor especial da Secretaria de Saúde, André Baitello, Valdir Roberto Fernandes, da Santa Casa, José Geraldo de Camargo, do Ambulatório Regional de Especialidades (AME), presidente do Conselho Municipal de Saúde, Fernando Araújo.
Também estiveram presentes os vereadores Bruno Moura (PSDB), Anderson Branco (PL), Júlio Donizete (PSD), Rossini Diniz (PL), Jean Charles Serbeto (MDB), Renato Pupo (PSDB), Jorge Menezes (PSD), Bruno Marinho (Patriota) e o presidente da Câmara, Pedro Roberto (Patriota).
"Queremos entender o que acontece no sistema, pois todos os vereadores percebemos um aumento na procura dos munícipes por soluções devido a demora no atendimento, falta de pediatras nas unidades de saúde e vagas nos hospitais", explicou o presidente da comissão, Celso Luiz de Oliveira Peixão.
Antes de responder às perguntas dos vereadores, Baitello explicou como funciona o Sistema de Saúde Municipal, englobando as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e sistema de transferência de pacientes para os hospitais. "O que ficou acertado recentemente com o sistema Cross (que faz a distribuição, regulação e controle de recursos na Saúde no Estado) é que o paciente traumatizado grave, infartado, com AVC, entubado na rua pelo atendimento de emergência, esses vão direto para o hospital. O paciente que está muito grave que deu entrada na UPA e conseguimos atender fica na unidade até encontrarmos vaga no hospital", afirma Baitello.
Respondendo pela Santa Casa de Rio Preto, Valdir Roberto Furlan, assegurou que o aumento de demanda não é acompanhado por incrementos de recursos, o que dificulta o trabalho das instituições de saúde. "Temos recursos escassos para necessidades ilimitadas. No ano passado, tivemos um crescimento de 18,2% nos custos e estamos projetando 20% para este ano e nossa tabela do SUS está congelada há 20 anos. Vemos há anos o crescimento de demanda e não há perspectivas de melhora se não houver aumento no repasse".
Em relação à reclamação de mães sobre a falta de pediatras e atrasos em atendimento pediátrico na rede municipal, o gerente técnico da urgência e emergência pediátrica do município, Antônio Edir Guizilini, afirmou que deve-se ao aumento de demanda infantil pós pandemia. "As crianças ficaram em casa desde 2020. Quando elas retomam o convívio social, as mais velhas começam a apresentar doenças que deveriam ter quando menores. Somam-se os casos. Antes da pandemia, atendíamos na rede de 250 a 280 crianças por dia. Durante, eram 120 atendimentos/dia. Atualmente, apenas em uma UPA, são até 300 crianças por dia. É assustador, temos um aumento de 30% a 40%".
José Geraldo de Camargo, representante do AME/Hospital Estadual João Paulo II, falou sobre a possibilidade de uso da estrutura desses serviços para ampliar o atendimento à população rio-pretense. A proposta seria respomder às demandas da Prefeitura no período noturno, uma vez que o hospital estadual funciona das 7 às 19 horas. “Das 19 horas até as 7 horas há um hospital à disposição, com 10 leitos de UTI, seis salas de cirurgias.”
Mas o uso do hospital precisa ser autorizado pelo Estado. “Poderia ser um contrato firmado a longo prazo ou um contrato de emergência, para um determinado período, até que o hospital da região norte esteja pronto”, explicou Pereira.
Baitello informou que a Prefeitura já providencia esse contato com o Estado. “Já estamos encaminhando uma proposta. Vamos ver se o Estado absorve isso.”
Pereira também falou da importância da conscientização da população. Muitos pacientes agendam os procedimentos e não comparecem. “Para ressonância magnética, há 15% de absenteísmo. Cirurgias eletivas no João Paulo II chegam a 30% de absenteísmo.”
A Comissão de Saúde da Câmara deve realizar, em breve, novas reuniões para continuar debatendo as reclamações dos munícipes. Representantes do Hospital de Base e do Departamento Regional de Saúde – que não compareceram à reunião desta quarta-feira - serão novamente chamados.
Comunicação/ Câmara Rio Preto